quarta-feira, agosto 29, 2007

Nanderella

Era uma vez, em um reino muito distante, uma jovem chamada Nanderella. Ela era muito bela e delicada como uma flor, mas infelizmente era escravizada por sua malvada madrasta Liannara e sua irmã adotiva Janaína.

Lia, eu já lavei todos esses pratos... Posso descansar só um pouquinho?

Claro que não! Bwahahahah!!! Você ainda precisa lavar o banheiro.

Mas eu tô cansada...

Isso não é problema nosso, Isaura! Vá lavar o banheiro.

(com uma expressão triste): Tá bom...

Nanda foi lavar o banheiro. Enquanto lavava, a bela jovem mostrava seu talento como cantora de tecnobrega:

Coelhinho, se eu fosse como tu / Tirava a mão do bolso...

Um ratinho pequenino, ouvindo a cantoria, sai do ralo e começa a cantar junto:

E botava lá no...

AAAAAHHHHHH!!! UM RATO!!!! LIAAAAAAAAA!!!

O que tá acontecendo aqui, garota? Que gritaria é essa?

UM RATO, LIA!!!

Afff... Me dá essa vassoura aqui...

Lia levanta a vassoura para matar o rato.

Filha da...

Lia esmaga o rato.

Não acredito que você interrompeu meu sono de beleza por causa disso...

De repente, alguém bate na porta.

Quem será que é, a essa hora?

Lia e Nanda descem as escadas da casa e vão abrir a porta. Elas se surpreendem ao ver que o visitante é Jeff, o mensageiro do príncipe Rodrigo do Cavaco.

Pois não?

Olá! Vim trazer uma mensagem do príncipe Rodrigo.


Os olhos de Nanda brilham.

Príncipe Rodrigo do Cavaco, também conhecido como Cavaqueiro?

próprio! O príncipe convoca todas as moças solteiras do reino para seu Baile Real, que será essa noite, onde ele elegerá uma jovem para ser sua esposa.

Mas que ótima notícia!

Verdade!

Bem, recado dado, até mais.

Jeff dá as costas e vai embora. Lia fecha a porta.

Ain, mal posso esperar para ir ao baile...

Você não vai. Bwahahahaaha!!!

Mas... por que não?

Porque quanto menos barangas forem, mais chances eu ou a minha filha temos de pegar o bofe. Príncipe pagodeiro, então, ganha ainda mais dinheiro! E nem precisa ser bonito! Basta aparecer no Faustão, que vira a criatura mais linda do mundo!

Nanda fica triste e volta a lavar o banheiro.

De noite, Lia e Janaína se preparavam para ir ao baile. Nanda as leva até a porta.

Tchau, divirtam-se... (falando desanimada)

Você não! Aproveite para lavar nossas roupas. Bwahahahahah!!!

Isso mesmo, Nanderella. Hahaha!!! Ai, mamãe! Você não sabe quem vai ao baile! Eu andei pesquisando pelos meus 1234567890 contatos do meu celular e descobri que a prima da vizinha da avó da contadora do bisavô do avô paterno da colega de classe do primo da tia vizinha da irmã daquela menina que foi Miss Brazil, que é...

Ai, minha filha linda... você sabe que eu lhe amo mais que tudo na vida e menos do que a mim mesma... mas CALE A BOCA!!! E só abra depois que casar como príncipe!

Ai, mamãe...

E você, Nanda, depois de lavar as roupas, enxugue-as todas!

Mas já é de noite!

Problema seu! Bwahauauahuahuaha – Tchauzinho!

As duas saíram para o baile e Nanda começou a chorar.

Mas como eu queria ir ao baile...

De repente, uma luz muito forte (mais forte que aquele episódio do Pokémon que causou ataques epiléticos nas crianças japas) apareceu em frente a Nanda. Era Fabinho, o fado padrinho.

Olá, Nanderella! Eu sou o seu fado padrinho.

Meu fado padrinho? Como assim?

Eu vim até aqui para te ajudar a ir ao baile, com a minha magia.

Ah, é? Que notícia maravilhosa!

Pois bem, então se prepara para receber a magia – espero que o truque que os professores de Hogwarts me ensinaram sirvam mesmo!

Fabinho começou a tocar um tambor.

BARACURA EEEEEHHHH CAMACURAAA AHHHHH DE OLAHHHHH

Vixe, e é macumba, é?

De repente, o vestido de Nanda se transformou em um lindo vestido brilhante VERSACE e suas sandálias de tira de couro em sapatos de cristal MANOLO BLAHNIK.

Eu tô linda!

Sim, mas lembre-se que a minha magia só dura até a meia-noite, porque eu ainda sou de menor e estou na escola de magia! Depois disso tudo volta ao normal.

Tá bom! (fado padrinho fuleiro...).

Nanda sai de casa junto com Fabinho.

Para ajudar você a chegar lá mais rápido eu vou transformar essa batata RUFLES em uma carruagem.

Fabinho apontou sua varinha para a batata e ela se transformou em um PUNTO.

UAU! O CARRO QUE FAZ ACONTECER!!! Me dei bem, aí!!! Será que preciso de príncipe, ainda?

Precisa, sim, que a estória tem que continuar!

Ah, tá bom!

Agora, o cavaleiro.


Fabinho apontou sua varinha para um gato de rua e o transformou em Leo, o motorista.

Ih! Legal! Virei gente.


Leve a princesa para o castelo do príncipe Rodrigo, onde está acontecendo o baile de máscaras.

Pode deixar. Vamo lá, gata.

Vamos.

Leo abriu a porta do carro para Nanda.

Minha hora de pilotar essa máquina!

E lá partem para o castelo.

[ATENÇÃO GAROTADA: BOZO, O PALHAÇO, NÃO DIRIGIA QUANDO ERA DE MENOR E VOCÊS TAMBÉM NÃO DEVEM. NÃO SIGAM O EXEMPLO DO LEO]


No castelo, o príncipe Rodrigo estava entediado por não encontrar nenhuma jovem de seu interesse.


Que droga! Nenhuma garota daqui é legal...

Tom, o tutor de Rodrigo já estava muito preocupado.

Príncipe Rodrigo do Cavaco, você precisa arrumar logo uma esposa para poder assumir o trono e reinar, sem esquecer de dar a descarga!

Eu já sei, mas mesmo assim, nenhuma mexeu com meu jeito moleque.

MAMINIIIIINU! Ainda tenho que aturar isso...

De repente, a atenção do príncipe se volta para a linda jovem que acabou de entrar, Nanderella.

Que gata!

Rodrigo se aproxima de Nanda.

Quer dançar comigo?

Nanda fica muito emocionada, nem acredita que o príncipe estava chamando-a para dançar...

Adoraria.


Os dois começam a dançar no centro do baile.


De longe, Lia e Janaína olhavam com inveja.


Quem é essa garota?


Não sei, ela me é familiar, mas o vestido me confundiu.

De repente, o relógio anunciou meia-noite.


Oh, não! (Pensando: O príncipe não pode me ver feia e sem maquiagem).


Nanda sai correndo, Rodrigo vai correndo atrás dela.


Enquanto Nanda descia as escadas, o príncipe chamava por ela.


Linda jovem, espere!


(Ai, saco!) Não posso, príncipe! Mamãe briga comigo se eu chegar tarde! Ela é braba!


Nanda pára, vai para perto de Rodrigo e tira um de seus sapatos. Ela o entrega e sai correndo.


O príncipe olha sem entender nada.

No dia seguinte, o príncipe Rodrigo foi com sua tropa para testar o sapato em todas as mulheres do reino. Até que chegou na casa da Nanda.

TH, seu braço direito, estava acompanhando-o, ajudando as garotas a experimentarem o sapatinho.

TH olha para Lia.


Experimente o sapatinho...

Lia coloca o pé no sapato, mas não coube.

Não é você não, moça...
Era a vez de Janaína experimentar. Seu pé também são coube.

Também não é você, doutora...

Até que finalmente chegou a vez de Nanda.

Ih! Coube! É ela príncipe!!! Ela é a sua noiva.


Nanda ficou muito feliz, diferentemente de Lia e Janaína, que estavam se mordendo de raiva.

Você é a minha noiva! Vamos nos casar e viver felizes para sempre no meu castelo, vivendo de ouvir Katiguelê e Calypso!

Só se for agora!


Luiz, o motorista do príncipe, que até então acompanhou tudo em silêncio, se aproximou de Lia.

És bela como um MP4 FOSTON, À VENDA NAS MELHORES LOJAS DE PRODUTOS ELETRONICOS DE SUA CIDADE.

Lia fica muito emocionada com a cantada.

Não gostaria de entrar para tomar uma xícara de café?

Não seria muito incômodo?

Claro que não...

Os dois entraram na casa.

Janaína ficou super revoltada.

Droga! Só eu que terminei sozinha... Ai, ui, ai! Meu celular ta vibrando! AINNN!!! É o meu paquera lá da festa junina!!! hihihihiiiiihih

Nanda e Rodrigo se casaram no dia seguinte e viveram felizes para sempre... Ou quase isso... Er, mais ou menos...

Btzzzzz!!! HORA DE ACORDAR!!! HORA DE ACORDAR!!! HORA DE ACORDAR!!!

Hã? O quê? Era só um sonho? Eu tava tendo o melhor sonho da minha vida e o robô me acordou? BUÁAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

Btzzzz!!! Btzzzzz!!! ALAGAMENTO! ALERTA! ALAGAMENTO!

De longe um ratinho pequenino observava a cena

Se ferrou!!! HAHAHAHAHAHA!!!

FIM

domingo, agosto 19, 2007

Resenha Crítica - CÃO SEM DONO

Fonte do cartaz: http://cinerosebudd.files.wordpress.com

Título: Cão Sem Dono
País de Origem: Brasil
Produção: Bianca Villar
Distribuição: Downtown Filmes
Diretor: Beto Brant e Renato Ciasca
Roteiro: Marçal Aquino, Beto Brant e Renato Ciasca - adaptado do livro "Até O Dia Em Que O Cão Morreu", de Daniel Galera
Data de estréia: 11/05/2007


Elenco:
JULIO ANDRADE (Ciro),
TAINÁ MÜLLER (Marcela),
LUIZ CARLOS V. COELHO (Elomar),
MARCOS CONTRERAS (Lárcio),
JANAÍNA KREMER (Ana),
ROBERTO OLIVEIRA (Pai),
SANDRA POSSANI (Mãe),
CHURRAS, o Cachorro



Fonte: http://www.caosemdonopoa.com

Julinho Andrade e Churras


A vida nos prega muitas peripécias... planos podem ser alterados, estilos podem ser mudados... mas será que poderíamos passar a vida sem alguém do lado, feito um "cão sem dono"? Esta foi a pergunta que mais me fiz durante todos os 82 minutos do novo filme de Beto Brant.


Tudo começa com o jovem Ciro. recém-formado em Literatura, enfrenta a barra de não conseguir um emprego como tradutor. Um belo dia, um cachorro o segue até em casa, e se torna seu companheiro.


E assim, ele vai levando a vida, encontrando trabalhos esporádicos (hoje em dia, a realidade editorial é bem difícil, não é qualquer um que consegue um trabalho fixo como tradutor regular) e se mantendo com a ajuda dos pais. Sem vínculos e sem crenças. Até o dia em que tudo muda...


Um belo dia, ele conhece Marcela, uma ambiciosa modelo em início de carreira e o que seria só uma noite acaba por se tornar uma enorme releitura de conceitos. Logo Ciro não quer mais ficar só. Logo quer conhecer os amigos de Marcela. Logo quer ficar junto dela sempre. Mas será que duas pessoas de objetivos de vida tão diferentes conseguem se manter juntos?


Apesar do título, Churras (o cachorro que - detalhe - não tem nome até o fim do filme) está longe de ser um grande destaque do filme. Ele mal aparece no filme todo e nem é citado a maior parte do tempo. O filme gira todo em torno de Ciro. Ele que é o "Cão Sem Dono" do filme. Até Marcela aparecer, frise-se bem. Quando Marcela some (ih, lá vou eu contando mais do que devo...), ele logo se percebe irremediavelmente perdido, sem uma "guia".


depois de um tempo matutando bastante o que se vê, a gente percebe que o filme deveria ser arrastado, mesmo. A sacada mais inteligente dele é justamente esta: o arrastado do tempo serve para refletirmos e vermos o quanto Ciro (não seríamos nós todos) é apático e passivo com relação à vida. O filme inteiro segue, e ele não faz realmente NADA pela sua vida, a não ser esperar pelas ações alheias, sem realmente reagir a elas. E todos à sua volta, de um modo ou de outro, se recusam a ser seus satélites (exceção feita, talvez, a Churras). Exatamente como na vida real.


Fonte: http://www.museu.ufrgs.br

Tainá Müller e Júlio Andrade


O elenco é muito bem trabalhado, e Beto Brant (que já havia nos presenteado antes deste filme com "O Invasor") faz um trabalho duro e seco, pessimista, mesmo. Em especial, Tainá Müller e o cachorro Churras brilham (ninguém consegue tirar os olhos dos dois nas cenas em que eles aparecem).O au-au deve ter tido um treinador maravilhoso. Já a Marcela de Müller tem várias nuances bem trabalhadas pela atriz por trás da sua belíssima estampa.


Não li o conto de onde foi tirado o roteiro, mas pelo que pude encontrar na internet, é um texto em primeira pessoa - Ciro deve ser o narrador - e reflexivo, coisa que não dá para se fazer em cinema, a não ser que se use aquelas soluções-chave (sessão de psicanálise, ator falando consigo mesmo ou com a câmera)... Beto Brant optou por uma melhor saída: trazer o espectador PRO LADO de Ciro e deixar que cada um tire suas próprias conclusões através da própria reflexão. Gênio.


Ao final agridoce, vemos sinais de mudança, mas nenhum indício de que elas realmente acontecerão é dado. É algo que também nos é dado para refletir. Nós mesmos nos esforçamos para mudar?


Fonte: http://www.dramafilmes.com.br

Churras


“DEu não quero voltar para a faculdade. Não tenho talento para nada. Mas em poucos anos, tu vai ver, eu vou ter muita grana. Vou comprar um carro e um apartamento, vou conhecer o mundo. Tu não pensa em coisas assim?”



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Tom